Se entendêssemos linguagem ovina, seria natural interceptarmos diálogos deste tipo:
- Desculpa…não entendi…que foi mesmo que baliste ?
- Ah, nada de especial….apenas bali…
Portanto, em circunstâncias ovinas, balir pode equivaler apenas ao convencional suspiro na linguagem dos humanos.
O que se passou durante a semana em Bali foi no entanto uma balido especial, que é aquele que uma vez enunciado tem como corolário que todo o rebanho parte de imediato atrás da ovelha que baliu em roteiro por novos pastos cheios de verduras.
Quem já se habituou a estas coisas não estranha. Mas estranha que continue a haver ingenuidade ovina em dose para acreditar que algo de diferente pudesse ocorrer.
Basicamente, além dos dramas de faca e alguidar que dão sempre azo às deixas préviamente encenadas pelos actores já esperados, poderia dizer-se do resultado que a montanha pariu um rato. Mas, olhando com mais atenção, facilmente se verificará que ratos foram os que redigiram o suposto acordo, pois esqueceram-se de tudo o que deveria merecer assunto menos do que realmente interessa: queijo, muito queijo, para continuar a discutir o que já se sabe: ou há queijo ou o Árctico derrete já amanhã e no dia seguinte acordamos com as pantufas de molho - global.
Aliás, há pouco tempo, mesmo aqui em Lisboa, o senhor De Boer já tinha dito sem papas na língua que o “investimento seria a base do sucesso” no combate ao aquecimento global e como “só havia uma oportunidade” quanto mais dinheiro melhor.
Mas dinheiro para quê?
Explico.
Desde logo para pagar as contas da romaria a Bali, para organizar a próxima, e para plantar as coitadas das árvorezinhas que terão por incumbência digerir o CO2 que se solta nessas andanças.
Depois, para manter em funcionamento o IPPPCCCC, que após ganhar o Nobel viu o seu cachet naturalmente valorizado.
Segue-se a parte do Dr. Pina Moura por conta das eólicas que a Iberdrola gostará de instalar para evitar o aquecimento global do Darfur.
Se sobrar algum, por favor não se esqueçam do Sr. Carlos Pimenta que também é gente, além de neo-verde desde sempre, e também vende moinhos de vento.
Portanto, do que se tratou mesmo em Bali, foi de uma épica quixotesca em prol de moinhos de vento. O Dom Quixote já sabemos quem foi. Como ainda não me chegou o genérico com o elenco, não sei ao certo quem fez de Sancho Pança. Mas sei muito bem quem fez de Rucinante!
Quanto a todos nós, mais uma vez fizemos apenas de figurantes ovinos e nessa condição, eventualmente, balimos, balimos, balimos...
10 comentários:
As coisas são simples, fazer conferencias como esta, onde se discute o ambiente e segundo dizem se chegou a alguns compromissos, seria válido se depois os signatários cumprissem o acordado.
Quando nas noticias eu ouvi que teriam chegado a um acordo e que os EUA teriam cedido, eu estranhei que assim fosse, quando tentei ver melhor a noticia já tinha acabado.
Interessado, fui ver do que se tratava, afinal o que fizeram foi aprovar um roteiro para novas negociações, mas que grandes resultados sem duvida... enfim...
Isto vem na sequência do que eu disse no comentário ao post anterior: há os Governantes e há o Povo. O Povo tem de ser gerido de forma a fazer aquilo que os governantes acham conveniente para a Sociedade.
Para a sociedade humana dar importância aos seus governantes e os seguir, é útil que exista uma ameaça. Quando há uma ameaça, o povo une-se em torno dos governantes; quando não há, desune-se em disputas pelo poder, todos querem o poder em época de paz.
Portanto a estabilidade do poder exige uma ameaça. Não é culpa dos governantes terem de inventar ameaças, somos nós, os humanos, que temos de ser geridos assim senão asneamos.
O CO2 e o degelo dos polos é uma ameaça inventada. Aliás, já só se fala do degelo do ártico - e o degelo do Ártico não é perigo nenhum, não faz subir o nível das águas, é um bem!!
Também se sabe perfeitamente que o aquecimento global não é um mal, seria óptimo que a temperatutra média da Terra fosse alguns graus mais alta, isso significaria maior humidade, máximas masi baixas, mínimas mais altas. Sabemos perfeitamente como é um clima mais quente, porque o clima da Terra sempre foi mais quente até às eras glaciares, fenómeno muito recente na história da Terra.
Portanto, todos os governantes sabem perfeitamente que toda a história do CO2 é disparate, serviu o proposito de gerar um aameaça global, serve o proposito de prevenir o fim do petróleo, mas tem um inconveniente: sabem que o CO2 faz falta.
Por isso, vão ter de fazer uma mudança de estratégia, vão ter de acabar com a guerra ao CO2.
Por isso é que deram o prémio Nobel ao Al Gore e ao IPCC. É como aquelas homenagens que se fazem Às pessoas que estão para morrer...
Acabo de ver o Alberto João na TV num a qq festa do PSD Madeira: o perfeito exemplo do que disse! Ameaça: o "contenente", "Lesboa"; depois, espectáculo para o seu povo.
O Alberto João não é aquele totó que parece ser em publico; eu já andei de avião na cadeira atrás dele e deu para perceber como ele é ponderado qunado não tem espectadores.
Tal como o Pinto da Costa resolveu em determinada altura usar a ameaça "Lisboa" para estabelecer o seu poder interno.
Faltou dizer uma coisa: o post está muito bom, como é costume, tão costume que até nos esquecemos de o dizer...
Mas quem disse que os bobos da corte têm que ser tolos ??
Os bons tolos são finos...sabem-na toda, claro...
E se o Alf não se quer zangar comigo não me fale mal do Alberto nem do Pinto, muito menos do Major.
Fazem parte do nosso património. Nem cromos são. São auto-colantes, que como tal nem dão para a troca.
Nos dias em que não leio Asterix, quem é que o Alf pensa que me faz rir ? Hum ? Hum ?
Gostei do humor do seu post e fui ler mais alguns e aí veio a surpresa: aqui são todos excelentes . Ainda assim, se tivesse que atribuir um primeiro prémio, do que lia até agora não hesitaria: " O Neo-Verde" é de antologia...lol
Agusto Silva
Meu caro Manuel. Como citadino que é vejo que subestima o poder de um balido. O rebanho, está farto de ter o cão a morder-lhe as canelas, a ditar-lhe o destino. Por vezes esse balido, não busca o el dorado, apenas é um grito de revolta: por aqui, porque assim o desejamos. Nem sempre corremos atrás da salvação.
Quanto a Bali, como todas as séries de televisão, de vez em quando é preciso mudar o cenário. E afinal não seremos nós ovelhas quando temos por perto um lobo como o Pina Moura?
Não está mal... bem imaginado... mas como já aqui se disse os bobos, que somos nós, um dia ainda se erguerão e nessa hora há-de ser bonito de se ver!
...mas nos rebanhos há sempre ovelhas que tresmalham por feitio...são mais tipo cabras...certo ? Essas, são a dor de cabeça dos maiorais, e algumas há que até marram...:::)))
O meu avô tinha uma ovelha algarvia que certa noite resolveu...
Alto...esta fica para a próxima..temos que fazer render as histórias do meu avô...:::)))
Gostaria de perceber porque se sentem os citadinos desenraizados de uma certa ruralidade. Quase sempre um avô serve-lhes de âncora...
Mas venha lá a história...
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