sábado, 15 de dezembro de 2007

Bali !


Se entendêssemos linguagem ovina, seria natural interceptarmos diálogos deste tipo:

- Desculpa…não entendi…que foi mesmo que baliste ?
- Ah, nada de especial….apenas bali…

Portanto, em circunstâncias ovinas, balir pode equivaler apenas ao convencional suspiro na linguagem dos humanos.

O que se passou durante a semana em Bali foi no entanto uma balido especial, que é aquele que uma vez enunciado tem como corolário que todo o rebanho parte de imediato atrás da ovelha que baliu em roteiro por novos pastos cheios de verduras.

Quem já se habituou a estas coisas não estranha. Mas estranha que continue a haver ingenuidade ovina em dose para acreditar que algo de diferente pudesse ocorrer.

Basicamente, além dos dramas de faca e alguidar que dão sempre azo às deixas préviamente encenadas pelos actores já esperados, poderia dizer-se do resultado que a montanha pariu um rato. Mas, olhando com mais atenção, facilmente se verificará que ratos foram os que redigiram o suposto acordo, pois esqueceram-se de tudo o que deveria merecer assunto menos do que realmente interessa: queijo, muito queijo, para continuar a discutir o que já se sabe: ou há queijo ou o Árctico derrete já amanhã e no dia seguinte acordamos com as pantufas de molho - global.

Aliás, há pouco tempo, mesmo aqui em Lisboa, o senhor De Boer já tinha dito sem papas na língua que o “investimento seria a base do sucesso” no combate ao aquecimento global e como “só havia uma oportunidade” quanto mais dinheiro melhor.

Mas dinheiro para quê?

Explico.

Desde logo para pagar as contas da romaria a Bali, para organizar a próxima, e para plantar as coitadas das árvorezinhas que terão por incumbência digerir o CO2 que se solta nessas andanças.

Depois, para manter em funcionamento o IPPPCCCC, que após ganhar o Nobel viu o seu cachet naturalmente valorizado.
Segue-se a parte do Dr. Pina Moura por conta das eólicas que a Iberdrola gostará de instalar para evitar o aquecimento global do Darfur.

Se sobrar algum, por favor não se esqueçam do Sr. Carlos Pimenta que também é gente, além de neo-verde desde sempre, e também vende moinhos de vento.

Portanto, do que se tratou mesmo em Bali, foi de uma épica quixotesca em prol de moinhos de vento. O Dom Quixote já sabemos quem foi. Como ainda não me chegou o genérico com o elenco, não sei ao certo quem fez de Sancho Pança. Mas sei muito bem quem fez de Rucinante!

Quanto a todos nós, mais uma vez fizemos apenas de figurantes ovinos e nessa condição, eventualmente, balimos, balimos, balimos...


10 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

As coisas são simples, fazer conferencias como esta, onde se discute o ambiente e segundo dizem se chegou a alguns compromissos, seria válido se depois os signatários cumprissem o acordado.
Quando nas noticias eu ouvi que teriam chegado a um acordo e que os EUA teriam cedido, eu estranhei que assim fosse, quando tentei ver melhor a noticia já tinha acabado.
Interessado, fui ver do que se tratava, afinal o que fizeram foi aprovar um roteiro para novas negociações, mas que grandes resultados sem duvida... enfim...

alf disse...

Isto vem na sequência do que eu disse no comentário ao post anterior: há os Governantes e há o Povo. O Povo tem de ser gerido de forma a fazer aquilo que os governantes acham conveniente para a Sociedade.

Para a sociedade humana dar importância aos seus governantes e os seguir, é útil que exista uma ameaça. Quando há uma ameaça, o povo une-se em torno dos governantes; quando não há, desune-se em disputas pelo poder, todos querem o poder em época de paz.

Portanto a estabilidade do poder exige uma ameaça. Não é culpa dos governantes terem de inventar ameaças, somos nós, os humanos, que temos de ser geridos assim senão asneamos.

O CO2 e o degelo dos polos é uma ameaça inventada. Aliás, já só se fala do degelo do ártico - e o degelo do Ártico não é perigo nenhum, não faz subir o nível das águas, é um bem!!

Também se sabe perfeitamente que o aquecimento global não é um mal, seria óptimo que a temperatutra média da Terra fosse alguns graus mais alta, isso significaria maior humidade, máximas masi baixas, mínimas mais altas. Sabemos perfeitamente como é um clima mais quente, porque o clima da Terra sempre foi mais quente até às eras glaciares, fenómeno muito recente na história da Terra.

Portanto, todos os governantes sabem perfeitamente que toda a história do CO2 é disparate, serviu o proposito de gerar um aameaça global, serve o proposito de prevenir o fim do petróleo, mas tem um inconveniente: sabem que o CO2 faz falta.

Por isso, vão ter de fazer uma mudança de estratégia, vão ter de acabar com a guerra ao CO2.

Por isso é que deram o prémio Nobel ao Al Gore e ao IPCC. É como aquelas homenagens que se fazem Às pessoas que estão para morrer...

alf disse...

Acabo de ver o Alberto João na TV num a qq festa do PSD Madeira: o perfeito exemplo do que disse! Ameaça: o "contenente", "Lesboa"; depois, espectáculo para o seu povo.

O Alberto João não é aquele totó que parece ser em publico; eu já andei de avião na cadeira atrás dele e deu para perceber como ele é ponderado qunado não tem espectadores.

Tal como o Pinto da Costa resolveu em determinada altura usar a ameaça "Lisboa" para estabelecer o seu poder interno.

alf disse...

Faltou dizer uma coisa: o post está muito bom, como é costume, tão costume que até nos esquecemos de o dizer...

Manuel Rocha disse...

Mas quem disse que os bobos da corte têm que ser tolos ??

Os bons tolos são finos...sabem-na toda, claro...

E se o Alf não se quer zangar comigo não me fale mal do Alberto nem do Pinto, muito menos do Major.

Fazem parte do nosso património. Nem cromos são. São auto-colantes, que como tal nem dão para a troca.

Nos dias em que não leio Asterix, quem é que o Alf pensa que me faz rir ? Hum ? Hum ?

Anónimo disse...

Gostei do humor do seu post e fui ler mais alguns e aí veio a surpresa: aqui são todos excelentes . Ainda assim, se tivesse que atribuir um primeiro prémio, do que lia até agora não hesitaria: " O Neo-Verde" é de antologia...lol

Agusto Silva

antonio ganhão disse...

Meu caro Manuel. Como citadino que é vejo que subestima o poder de um balido. O rebanho, está farto de ter o cão a morder-lhe as canelas, a ditar-lhe o destino. Por vezes esse balido, não busca o el dorado, apenas é um grito de revolta: por aqui, porque assim o desejamos. Nem sempre corremos atrás da salvação.

Quanto a Bali, como todas as séries de televisão, de vez em quando é preciso mudar o cenário. E afinal não seremos nós ovelhas quando temos por perto um lobo como o Pina Moura?

quintarantino disse...

Não está mal... bem imaginado... mas como já aqui se disse os bobos, que somos nós, um dia ainda se erguerão e nessa hora há-de ser bonito de se ver!

Manuel Rocha disse...

...mas nos rebanhos há sempre ovelhas que tresmalham por feitio...são mais tipo cabras...certo ? Essas, são a dor de cabeça dos maiorais, e algumas há que até marram...:::)))

O meu avô tinha uma ovelha algarvia que certa noite resolveu...

Alto...esta fica para a próxima..temos que fazer render as histórias do meu avô...:::)))

antonio ganhão disse...

Gostaria de perceber porque se sentem os citadinos desenraizados de uma certa ruralidade. Quase sempre um avô serve-lhes de âncora...

Mas venha lá a história...