terça-feira, 27 de maio de 2008

Sai um magro para a mesa onze!

Cada vez que encaro com uma televisão, apanho um susto !

O último foi quando um senhor vestido de engenheiro agrónomo em dia de saída de campo, garantia no pequeno ecrã, posando num cenário de Hollywood, que uma vaca de uma marca qualquer dava um leite magro natural.

Corri para casa a limpar o pó aos desusados manuais de vacas leiteiras para recapitular essa capacidade que em devido tempo me teria passado completamente ao lado. Mas como os ditos já têm uns bons anos fiquei sem a dúvida esclarecida ! Seria uma vaca moderna, modelo OGM ? E neste caso seria uma vaca especializada em leite magro ou um protótipo ainda mais avançado, capaz de dar leite magro numa teta, leite com chocolate na outra, da terceira iogurte líquido e da última leite com sumos e enriquecido a vitaminas ?

A vaca do cenário da televisão até pastava, imagine-se ! Supus por isso que nesse aspecto fosse um up-grade das vacas leiteiras que eu julgava conhecer, para quem a necessidade incontornável que têm de um bocadinho de erva e ginástica era a maior dor de cabeça dos respectivos nutricionistas e proprietários.

Explico!

As vacas foram feitas com uma característica que a fileira de lacticínios da modernidade bem dispensava: são ruminantes. Para que aquela imensa parte de estômago da vaca a que se chama rúmen funcione, precisa de fibras longas, ou seja, qualquer pedaço de erva verde ou seca com mais de dois centímetros de comprimento. E não são apenas meia dúzia de troços mas uma quantidade relativamente significativa a que alguém se lembrou de designar pelo palavrão de “coeficiente de balastro” e que se refere exactamente à quantidade mínima de fibra que é necessária na ração. O balastro faz-se com palha, por exemplo. Palha que é preciso transportar, armazenar, enfim, uma trabalheira, porque afinal a palha não tem valor nutritivo bastante para fazer leite que se veja. Isso é trabalho para os "concentrados", isto é, misturas de cereais, oleaginosas, sub-produtos vegetais vários e outros como as farinhas de sangue, carne e peixe, antibióticos e gorduras by-pass, mistelas que uma vaca que preze a sua produtividade não prescinde e dos quais consome no mínimo uns seis quilitos diários. Mas além disto, as vacas precisam ainda de um mínimo de ginástica para não entrevarem precocemente. Outra chatice, sobretudo para quem as instala em autênticos prédios de andares como já vi em São Paulo e em fotos obtidas no Japão.

Ora como é evidente, de natural estas dinâmicas têm tanto como o tem a estupidez que nos leva a trocar por leite alimentos que também utilizamos sem qualquer ganho alimentar no processo! Mas o caso é que com todo o poder de comunicação que tem que lhe ser reconhecido, a publicidade tem vindo a produzir uma interminável e fluorescente repintura verde de toda a fileira alimentar. E com sólidos resultados na opinião pública informada, cuja boa formação teórica nem sempre consegue ultrapassar os “truques “ tecnológicos subjacentes à alimentação natural que procura e que paga principescamente.

O caso do leite “naturalmente” magro é um desses magníficos truques.

A fileira dos lacticínios é, nos dias que correm, uma actividade industrial da nascente à foz, com uma utilidade relativa mais que discutível. O mito da imprescindibilidade do leite da vaca na roda dos alimentos é algo que devia estar sob a alçada criminal. Fala-se do cálcio no leite como se nós não o conseguíssemos ir buscar às couves, tal como a vaca o vai buscar às ervas. Fala-se na proteína como se a que serve para a vaca dar leite não nos servisse com considerável economia. E como se tudo não bastasse, quer-se fazer passar a ideia de que a vaca…produz leite à la carte:
- Sai um magro para a mesa onze!

Mas não sai! Ainda não há vacas dessas, só das outras. E estas são peças de uma cadeia de montagem que se alimenta de petróleo para nos dar a ilusão de que nos alimentamos de leite. Desde a sementeira do milho para silagem até à desnatagem, a produção de leite é tão natural que até o sexo com touros é proibido às vacas. À vaca leiteira só é permitido uma espécie de sexo com um homem: o inseminador. E mesmo isso porque sem partos elas não dão leite, pelo que, mesmo que os vitelos nunca lhes chupem uma única teta, têm que os parir. E esta deve ser das poucas partes biológicas da produção leiteira moderna. Porque o que se segue na cadeia de transformação de "bio" tem apenas o facto de a pasteurização ou a ultra-pasteurização matarem a maior parte da flora microbiana presente naturalmente no leite.

33 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Manuel

Acompanho todo o seu raciocínio e concordo que ainda não existem vacas a produzir leite magro, mas não consigo imaginar o meu regime alimentar sem (carne de) vaca e seus derivados, neste caso o leite.
Comer carne já foi um luxo, segundo dizem, e em Portugal esse luxo disseminou-se após o 25 de Abril (no resto da Europa parece ter sido depois da Segunda Guerra Mundial). Actualmente, somos uma cultura da carne e do leite (e seus derivados).
Comer couves substitui o leite? Mas não é a mesma coisa! :)

Denise disse...

Também eu acompanho o raciocínio do meu simpático Vizinho. E agradeço o texto, porque me faz sentir menos alien. É que sempre me fez confusão a publicidade que circula por aqui e por ali, assim como a quantidade de novas formas lacticínias que as pessoas retiram vorazmente das prateleiras dos mini e super e hipermercados...
Sempre acreditei que os aditivos com que acenam as novas embalagens seriam, sobretudo, estratégias de marketing para os consumistas «metabolicamente reduzidos» (ah!, como adoro esta sua expressão, F.!). Nunca comprei leite com cálcio para os meus fihos. Nem leite de emagrecimento para mim mesma. Porque sempre achei que o leite contém os nutrientes de que precisamos sem mais aditivos.
Convenhamos, porém, que consumo leite magro. O gordo ataca-me, ataca-nos, o fígado...

Francisco,
Concordo consigo. Gosto de couves e pasto alguma erva também. Mas que ninguém me tire o leite da manhã e da noite. Creio, porém, F., que o Manuel não apela ao não consumismo da (carne de) vaca e seus derivados e, por isso, não entendo a adversativa na primeira frase do seu comentário...
Actualmente, luxo é comer peixe verdadeiro. Já viu a como andam os preços?!

Manuel Rocha disse...

Pois, pois, Francisco !
Mas para tarnsitarmos do campo filosófico para a economia quotidiana e contornar as contradições do capitalismo monetarista e dos respectivos impactos sobre o ambiente, é este género de problemas que temos de resolver na base...;)

Em todo o caso o tópico que aqui pretendo trazer passa mais por outro aspecto. É que boa parte da fileira alimentar apresenta hoje "incorporações" de processo que desvirtuam completamente e tornam sem fundamento qualquer reivindicação de "natural" que lhes possa ser etiquetada quando chega à nossa cozinha ! E isso não é apenas um detalhe de semantica, mas uma fraude de dimensões tais que faz parecer ridiculo qq apito dourado.

E. A. disse...

Manuel,

Realmente quando o meu pai me dizia que o vinho que consumimos não é nada natural, eu só o percebi realmente quando vi o documentário "Mondovino"!
Eu ainda bebo leite (magro), mas gostaria de deixar..., o problema é que depois temos de equacionar melhor a nossa dieta, comer mais bróculos e etc. Carne de vaca n como.
Lembro-me de ir buscar o leite de manhãzinha cedo numa leiteira, e regozijar-me com o cheiro de leite fresco - quem conhece o cheiro sabe que é inesquecível! E lembro-me, também, de mugir e de sentir as tetinhas quentinhas nas minhas mãos! Se eu morasse num campo, teria certamente vacas, é um animal meigo e adorável! E já percebi que o Manuel percebe muito de vacas! Quando me refugiar no campo, dá-me umas lições! ;)

Manuel Rocha disse...

Exactamente, Denisee Papillon,

Não há aqui fundamentalismos, como sabem ! Mas na vida pós lactente o leite é uma bebida eventualmente agradável e pouco mais. O interesse nutritivo passa a ser reduzido e seguramente não é insubtituivel. Em termos de gestão agricola é um produto de luxo, como a carne, com investimentos energéticos na produção completamente absurdos. Pimentel há anos fez essas contas e conclui que no que ao valor calórico respeitava cada litro de leite custava cerca de 0,6 litros de petroleo ( isto nos EUA e estou a citar de memória, portanto, sujeito a falha ). Mas até aí ainda vou. Onde me custa engolir é quando promovem o leite magro como natural e passa...

:)))

Denise disse...

Olá amiga vaporosa ;-)
Também simpatizo com as vacas. Se eu um dia pudesse ter animais desse porte, gostaria de ter 1 vaca (sempre gostei de vacas por causa do Redol), 1 burro (por causa do narrador de «Civilização» e do Sancho Pança) e 5 ovelhas (porque sempre quis ser pastora como os pastorinhos das histórias e os pastorinhos de Fátima...)
Mas eu sou urbanita e nunca mexi nas tetas de uma vaca. Só lhes senti o cheiro. E depois de beber esse leite durante três dias seguidos, tive de ir ao médico com uma crise de fígado...
Acho que a refugiar-me no campo, só com manual de instruções!
:))

Anónimo disse...

... as vacas são vacas e nada há que fazer; se dali sai magro, desnatado, com cálcio ou proteínas, reforçado ou multivitaminado é mistério insondável que nem a Divina Providência devia conseguir explicar ...

... ou talvez se explique por tudo aquilo ser publicidade, disfarçada de estudo científico com promossas de felicidade mil ...

Anónimo disse...

Gosto deste seu registo irónico, Manuel!
Mas é de facto assim que coisas aparentemente insignificantes vão passando para a esfera politica sem que demos por isso. E depois todos nós que até nos preocupamos com o ambiente e os maleficios do capitalismo, perante as situações concretas que implicam mudança, hesitamos, como se ilustra aqui nos comentários e entre os quais incluo o meu.
Então agora iriamos prescindir do carro, do leite...e tudo se resume ao que disse no post sobre tecnologia: não nos conseguimos pensar fora das necessidades que nos foram induzidas!

Florbela

Flor

Anónimo disse...

Manuel:

O seu último parágrafo está construido com uma ironia tão ácida que até dói! Deixa-nos a cogitar sobre esta inenarrável farsa em que somos protagonistas enquanto contribuintes alienados. Além disso todo o texto é mais um dos seus excelentes exemplos de que os problemas ambientais são construidos pelas nossas atitudes como consumidores.
E deixo duas questões. A primeira para o Manuel, pedindo-lhe que nos esclareça como se fabrica o leite magro, pois não temos ideia.
A segunda para o debate, indagando se não estará nas competências da ASAE alertar os consumidores para a publicidade enganosa e penalizar por ela quem a produz.

Matilde

E. A. disse...

Denise, (amiga, também, vaporosa!),

As memórias de infância na ruralidade é do melhor!
Correr entre o milho, brincar nos palheiros, pastar os animais, apanhar frutos silvestres, nadar no rio, etc, etc, etc,... tudo muito maravilhoso! :)))

E. A. disse...

Ir buscar os ovinhos ao final do dia ao galinheiro, correr atrás das galinhas...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Denise

No fundo, o que quis dizer era que o leite, sobretudo o materno, é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis do ser humano, não só em termos nutritivos mas também em termos de nutrição de afectos (vínculo mãe/bebé).

Denise disse...

Borboleta,
Perdi tudo isso, embora tenha tido algumas experiências graças a coleguinhas que viviam no campo. Eu tive uma galinha no meu apartamento. Chamava-se Gualter (quando era pinto pensei que viesse a ser galo...) e era canibal :S

Francisco,
Obrigada pelo esclarecimento. Nunca chegaria a esse raciocínio apenas pela sua adversativa :)))
Concordo consigo: leite materno / afectos/nutrição. E falo por experiência prórpia: eu e os Manelinhos somos duplamente nutridos ;-)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Denise

E não se esqueça que a caça e a carne fizeram o homem: hominização! ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Denise

Deixei-lhe um recado no meu último post. :-(

Anónimo disse...

Brilhante como sempre...Se o meu avô fosse vivo, dizia já que estamos no fim do mundo!!! A titulo de exemplo o leite biológico pode conter entre 50 e 80 por cento mais antioxidantes, substâncias que ajudam a combater o cancro e problemas cardíacos, viva o leite! Os alimentos biológicos representam o último reduto para os consumidores que pretendam exercer um verdadeiro direito à escolha e recusar quaisquer ingredientes transgénicos na sua alimentação, os preços…bem isso é outra conversa!! Um anuncio muito pouco conseguido, foi com efeito, o outro das vacas.. “ Nos Açores por cada dois habitantes há uma vaca!" (nesse anuncio aparecem 2 crianças e uma senhora, salvo o erro…), ainda bem que não sou má língua!!! ;-) Abraço

Manuel Rocha disse...

Matilde,

O leite magro é "feito" por desnatagem do leite inteiro, esse sim "natural", pelo menos tanto quanto possível ! A desnatagem é feita por centrifugação. As natas como são menos densas drenam ao centro ( e vão para manteiga )e o leite sai pela lateral.O mesmo processo leva à homogeneização do leite, que é básicamente uma forma de romper a estrutura molecular dos seus componentes ( há tb uma tecnologia ultra-sónica que conheço mal ) e que evita que eles se separem e degradem precocemente permitindo maior longevidade comercial ( mas não garante melhores resultados digestivos ou nutritivos ).Além disto há a pasteurização ou a ultra pasteurização ( leite UHT ) consoante o tratamento térmico visa "abater" apenas parte ou a totalidade da flora microbiana do dito. Em termos práticos, no fim disto tudo resulta um produto que tem dificuldade em competir com um comprimido de um suplemento minero-vitaminico bebido com um banal copo de àgua.

Anónimo disse...

Reparo que as incómodas questões suscitadas pelos comentários de Florbela e Matilde Costa continuam sem resposta. Quando se trata de mudança concreta bloqueamos ? O anti-capitalismo de J Francisco não se aplica aos capitalismos das fileiras da carne e do leite ? Bem sei que não é este o tópico do post, muito bem agarrado, deve dizer-se, mas julgo que o comentário se adequa aos já expressos. Ou é como com a gasolina, em que se resolve boicotar a GALP, mas não os combustiveis ??

Cumprimentos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Lino Camacho

Não sou anti-capitalismo, no sentido de ter um modelo económico alternativo. Defendo a "regulação" da economia de mercado e, neste caso particular, dos combustíveis. Porém, penso que podemos introduzir mudanças sociais qualitativas e definir um modelo que não permita a colonização do mundo da vida pelo capitalismo selvagem.
Quanto à carne e ao leite, são bens alimentares fundamentais e necessários ao crescimento e à saúde. Percebi o cálculo do Manuel e acompanho... O problema pode estar no excesso demográfico...

Blondewithaphd disse...

Absolutamente GENIAL!!!!!!!

Concordo com tudo!!!!!!!!

E mais, não bebo leite!!! (Há sei lá quanto tempo). Nem magro, nem gordo, e, claro, nem de vaca!!!!

Anónimo disse...

J Francisco

Na procura de uma saudável polémica, acho que seria interessante ensaiarmos um exercicio de "regulação" ( hipotética ) do mercado do leite ( a mero titulo de exemplo concreto )tendo por pano de fundo os impactes e os custos ambientais que lhe estão implicados. Poderiamos começar, por exemplo, pela questão que o autor do post deixa subentendida: a indústria dos lacticionios é ( nos moldes em que funciona ) uma actividade de produção alimentar ou uma actividade de capitalismo irracional em que a componente alimentar é mero pretexto ? Julgo que seria interessante discutir isto e aqui deixo também o desafio ao autor para que não nos abandone:-).
Deixo ainda link para iniciação a outras leituras sobre impactos do sector:http://www.esac.pt/emas@school/Publicacoes/Comunicacoes/9cna/Comunicacao9CNA_final.pdf

Cumprimentos

alf disse...

A publicidade enganosa tornou-se uma coisa avassaladora. porque as pessoas são cada vez mais avassaladoramente crentes. O que me assusta muito, qualquer dia estamos como na idade média, a única diferença sendo que a "verdade religiosa" é substituída pela "verdade científica"

Desde quando é que a diminuição de cálcio nos ossos própria da idade se corrige consumindo cálcio? a falta de cálcio nos ossos não é o resultado da falta de cálcio na alimentação mas de uma "decisão" do organismo.

A posição mais sábia que uma pessoa pode ter é presumir que tudo o que a publicidade diz é o oposto da verdade. Aquele banco diz que paga a maior taxa do mercado? Nem perca tempo a ver, deve ser o que paga a pior.

O leite é o melhor alimento do mundo para adultos? O melhor é deixar já de beber leite... os leite é para os lactentes, não é? A si, é capaz de ainda lhe lixar qq coisa no organismo...

Agora essa de leite magro natural... ainda é melhor do que aquela do aquecimento global...

Rita disse...

Há alguns anos o The Guardian publicou um artigo onde compilava vários estudos (http://www.guardian.co.uk/weekend/story/0,,1104740,00.html) que destruíam por completo a indústria dos lacticínios, que veio a dar origem a uma resposta massiva sa indústria sob a forma de uma campanha publicitária onde aparecia pessoal famoso com um bigode de leite, a perguntar "got milk"? O artigo levantava várias questões (e incluía as suas respostas!): Porque é que os humanos são a única espécie que continua a beber leite depois de adulto? Porque é que bebemos leite de vaca, que é indicado para bezerros que engordam 15 kgs por semana? Beberíamos leite de mulher se houvesse à venda nas prateleiras do supermercado? E os anticospos do leite materno que tão bons são para os recém nascidos, não são tão bons para os seres humanos se forem anticorpos de vaca - aliás, por isso é que o leite tem que ser centrifugado, para retirar q quantidade de pus (anticorpos e leucócitos) que contém. Mesmo assim ficam quantidade suficientes para confundir o sistema imunitário dos míudos e torná-los alérgicos a coisas que não deviam ser. Sabiam que há um gradiente genético de intolerãncia à lactose na população europeia? Quem tem problemas "de intestinos" às vezes podia resolvê-los simplesmente largando o leite, que traz tantos antibióticos dos que são dados às vacas que acaba por matar grande parte da nossa flora intestinal. Ah, e por falar nisso, sabiam que uma vaca leiteira em produção biológica só pode tomar antibióticos 3x, mais do que isso e já não pode integrar a fileira do biológico? E para a falta de cálcio, por acaso o alimento com mais cálcio biodisponível à face da terra é a couve-chinesa, bem como o são as outras couves suas familiares. Também não ajuda que as vacas sejam atafulhadas de hormonas para continuarem a produzir leite depois de lhes ser retirado o bezerro - essas hormonas acabam por ir parar ao leite, e a última coisa que uma mulher precisa é de estar a ingerir hormonas que vão interferir com o crescimento do seu peito. Por alguma razão as sociedades orientais chinesa e japonesa têm um índice de cancro da mama mínusculo, é porque não há tradição de consumo de productos lácteos. E quando migram para ocidente, adivinhem o que lhes acontece?
Ufa... nem acredito que sei isto tudo de cor... mas tive que o aprender quando surgiu um caso de cancro da mama na minha família e foi preciso mentalizar a pessoa afectada que tinha mesmo que deixar de beber leite. Já agora, se são mesmo viciados em leite, dêm uma olhadela à Proteste de Maio para saberem os ingredientes extra que as marcas à venda em portugal têm :)
Abraço, Manel***

Anónimo disse...

O que mais me irrita nalguma publicidade a produtos alimentares é o sufixo light.
Afinal estou a gastar dinheiro para ficar com fome!
Vivam os macdonaldes...

Denise disse...

Osvaldo, os macdonaldes são o outro extremo. Assim, passa a pagar para ficar... doente!
:P

A troca de comentários leva-me à seguinte questão (sem ironia nenhuma, assumo a minha ignorância...):
Se o cálcio se encontra noutros alimentos, se o leite não é assim tão indispensável (se não prejudicial) à nossa saúde... qual o motivo para a campanha gigantesca para o consumo do leite de dos seus derivados? :-S

Anónimo disse...

Manuel
Uma questão técnica...
Será que se poderiam usar como coeficiente de balastro alguns produtos pouco valorizados como... caniços, jacinto-de-água, caruma, folhas de eucalipto, etc?

Manuel Rocha disse...

Lino,

Desculpe o abandono, mas como sabe não é nisto que se ganha o pão e se fosse mudava de oficio:)
Obrigado pelo comentário. A questão que levanta merece teclas mais demoradas e deve dar assunto por si só para um post de fds…a ver vamos se o tempo sobra !

Rita,

Obrigado pelo post :) !

E faça um obséquio a este seu amigo: mande-me daí umas tabelas de jeito com valores nutritivos de algumas coisas da “dieta base” convencional sff ( pelo menos valor proteico e calórico ).Palpita-me que deve ter isso à mão...;)

Denise,

O sector leiteiro é um aglomerado de interesses tal como qualquer outro grande negócio. Veremos se o tal post já prometido ao Lino faz mais alguma luz sobre isso.

Osvaldo,

Sim para os caniços mas dependendo da espécie. Há um no Brasil usado como forragem, embora a palatibilidade não seja boa, pelo que o administram triturado com melaços. Caruma não e seca ainda menos. Sobre a folha de eucalipto duvido, até porque os ruminantes só se interessam pelas ditas folhas muito jovens e não pelas maduras. Sobre o jacinto de água, não sei nada …
Mas se bem a entendi , a essência da sua questão é a possibilidade de aproveitamento de produtos não convencionais e subprodutos na alimentação animal. Ora aí o caso é o seguinte: eventualmente ( dependendo dos produtos em concreto, claro ) uma vaca até sobrevive com isso, mas não produz com interesse económico. A aberração destas questões é que tendo os ruminantes a formidável capacidade de aproveitar as fibras celulósicas dos vegetais ( que nós não digerimos ) e de as transformar em alimentos que nós até digerimos, como os lacticínios e a carne, a produção destes recorre maioritariamente a alimentos que nós somos capazes de usar directamente. E porquê ? Porque só assim a pecuária intensiva é “rentável “ !
Espero que tenha ficado claro que a minha critica é dirigida à pecuária intensiva, porque em relação à extensiva nada me move, pelo contrário.

Tiago R Cardoso disse...

Todo este debate, diga-se interessante, é feito sobre uma gaffe do anuncio, não era o leite que era magro e natural, a vaca é que era, publicitários também comentem erros nos textos.

De um leitor atento e interessado.

antonio ganhão disse...

Desmancha prazeres! E eu que estava feito para começar a consumir desse leite natural...

antonio ganhão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
antonio ganhão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Eu diria que ou alguém meteu férias ou surgiu algum problema com a Associação das Vacas Produtoras de Leite Magro e Reforçado a Cálcio ... por falar nisso, estou cá com uma sede que me vou ali à taberna do Ti Manel beber uma malga de verde fresquinho ... esse, ao menos, nem é magro, nem meio gordo... é, simplesmente, vinho!

Rita disse...

o post positivo há muito prometido está no sítio do costume
(não me esqueci da tabela)
************