segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

(Re)PISA !

Quando eu pensava que sobre o PISA já se tinham dito todos os dislates possíveis, surprise, surprise !

«Um conselho, em especial àqueles colunistas que foram mesmo jornalistas há muito tempo e que há muito tempo confundem jornalismo com telefonemas, almoços e jantares: façam algum trabalho de campo… descubram que escolas participaram no PISA 2009, comparem com as de 2006 e 2003 e depois digam-me lá se desta vez o ranking médio das escolas não foi mais elevado. Não sou dos que acham que a amostra foi maltratada; pelo contrário, acho que desta vez é que a coisa foi tratada com o devido cuidado. Não são estes resultados que são uma enorme surpresa, talvez os anteriores é que tenham sido abaixo do possível.» Paulo Guinote!

Esta autoridade insinua pois, preto no branco, que as amostras anteriores não foram aleatórias. Que de algum modo elas teriam sido manipuladas para revelar resultados fracos numa primeira fase, para depois usar a “realidade” como coroa de louros para as suas politicas. Não estou em condições de discutir a substancia técnica da questão, também não fiz o trabalho de campo nem o de casa sobre a amostragem utilizada. Mas é evidente que se a douta opinião estivesse de facto interessada em questionar a influência nas médias e nos rankings das técnicas de amostragem utilizadas e da sua  eventual manipulação, em coerência metodológica e cientifica, teria de tornar o duplo pressuposto  extensível a todos os países participantes no inquérito, certo ? Então porque não refere isso ? Será que tem em seu poder um “cabo”ainda secreto sacado do Wikileacks revelando que Portugal foi o único criativo do estudo que subornou a malta da OCDE para nos  ajeitar as amostragens em conformidade com uma elaborada cabala? Ainda haverá quem consiga defender que há seriedade neste debate ? Ou será que nos transformamos  numa sociedade de inimputáveis e não dei por isso?

6 comentários:

Anónimo disse...

Primeiro ri. Depois achei triste. Quando verifiquei ramo actividade autor da tese, percebi melhor sentimento de MR qd falou em "vergonha" post anterior.

Cumprimentos.

Trigo Pereira

antonio ganhão disse...

Repisando o assunto, não acredito que exista tal perversidade, somos demasiado desleixados para isso... mas mesmo só por isso.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Acho que o problema não é só de amostragem, mas fundamentalmente de conteúdo e nível de conhecimento exigido por esses exames Pisa!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Também acho que estes mesmos exames aplicados aos professores teriam resultados surpreendentes, tal a incompetência que grassa pelas escolas em geral. :(

Manuel Rocha disse...

Olá Francisco,

Não pretendi discutir nem a amostragem nem o conteudo do PISA. O topico destas abordagens teve apenas a ver com desconforto primeiro, e o desnorte depois, das reacções aos resultados de 2009, por parte de quem tinha usado os resultados de anteriores edições como argumento de oposição ás politicas para a educação.Apenas isso. No mais, como sabe, sempre expressei enormes reservas em relação a este tipo de estudos.

Pinto de Sá disse...

Caro bloguista, terão havido vários factores concorrentes, a maioria deles alheios à questão essencial, a da melhoria dos nossos alunos.
Há quem tenha analisado bem o caso, mas não em público.
Porém, um facto fundamental terá sido o papel do próprio responsável da OCDE, mexicano, no "ajeitamento" dos testes. De facto, o México foi o país que mais beneficiou com a coisa, e nós apanhámos a boleia. Pode ver aqui:
http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2011/01/pisa-chinesa-confucio-e-estrategia.html
Cumprimentos!