quinta-feira, 10 de abril de 2008

Elementar, Caro Watson !

Isto não é um "post" mas um comentário a uma noticia.

Parece que finalmente alguém se lembrou de pegar em papel e lápis e recapitulou a aritmética elementar. O que é estranho é que nos dias que correm seja preciso ser-se “cientista” e “ independente “ para conseguir esse dificil objectivo de perceber coisa tão prosaica como a inviabilidade da produção agricola de dez por cento dos combustiveis rodoviários usados na UE!

Há já alguns meses que correm rumores que dão conta do "arrefecimento global" do entusiasmo autista que o projecto gerou, mas só agora a principal imprensa do Ocidente resolveu começar a dar-lhe destaque.

Há coisas em que detesto ter razão por antecipação, mas esta dos agrocombustíveis é das tais tão óbvia que confesso que houve dias em que duvidei da minha saúde mental.

E em bom rigor, a verdade é que continuo sem perceber que motivações sustentam o silêncio sobre esta ( e outras...) matéria de Instituições que têm alguma responsabilidade pública, como a Ordem dos Engenheiros, entre outras. Existem propostas de solução de problemas que são uma fraude isenta do devido tratamento criminal.

Se eu quisesse ganhar a vida como Zandinga e apostar em qual seria a próxima "grande desmistificação” protagonizada por "cientistas independentes", punha todo o meu dinheiro nas eólicas, fotovoltaicas e similares.

Claro que entretanto as respectivas janelas de oportunidades têm sido bem frequentadas pelos oportunismos do costume. Na hipótese ( altamente provável ) de que tenha sido esse mesmo e apenas esse o objectivo desta deriva, aqui deixo os meus cumprimentos a quem a gizou ! Quanto a mim provou que a relação do público com a ciência e a técnica se transformou numa profissão de fé.

13 comentários:

Anónimo disse...

"Este conselho,(...), considera que a meta dos dez por cento (...) terá efeitos “difíceis de prever e de controlar”."
Deve ser aquele problema de quando a plantação de girassóis era subsidiada ao m2 muitos aproveitaram os subsídios e nem se deram ao trabalho de os recolherem.
Se apoiarem ainda mais a produção de plantações para biodiesel os agricultores seguirão as directivas. Transforma-se floresta amazónica, arrozais, milheirais ou que tais em "matérias primas para fabrico de óleo". É indiferente, para os agricultores que devido à falta de oferta de outros produtos alimentares os preços subam.

"(...)“definição de uma meta mais moderada e a longo prazo, se a sustentabilidade não puder ser garantida”."
Odeio este palavrão, sustentabilidade, principalmente quando o contexto não permite saber minimamente do que se está a falar.

"a produção de biocombustíveis (...) liberta gases com efeito de estufa em quantidades significativas".
Agora temos o (ab)uso da ideia do "mau CO2" para limitar a produção...

“A utilização da biomassa implica a combustão de recursos muito valiosos e finitos” (...)devem ser preservados sempre que possível.
(...) a utilização da biomassa deve,(...), andar a par e passo com as melhorias na eficiência energética.”.
Isto parece-me não uma afirmação científica mas sim política. Não compreendo como é que a biomassa pode ser considerada um recurso finito (em termos humanos).

"A consequência da intensificação da produção de biocombustíveis é o “aumento das pressões no solo, água e biodiversidade”. O mesmo é válido se a procura aumentar para campos de golfe, autoestradas, trigo ou habitação própria.
(as citações são do artigo do Público)

Procurei sabre quanto custa produzir, antes de impostos, um litro de bio(diesel). Não tenho dados concretos mas creio que será superior à extracção e refinamento de um lityro de diesel via petróleo.
No entanto parece haver muito interesse por parte de particulares no biodiesel. Suponho que uma instalação caseira de produção de combustível livre de impostos, a partir de óleo usado, compensa.
Vide http://www.novaenergia.net/forum/viewforum.php?f=30
E não esquecer que colocar óleo usado no oleão é uma boa maneira de aumentar o valor acrescentado da cadeia a jusante.

"Quanto a mim provou que a relação do público com a ciência e a técnica se transformou numa profissão de fé."
Manuel, substituiria a palavra público por "decisores políticos"
Mas será que uma informação pública com formação científica e económica "média" teria poder para condicionar as decisões políticas?

Ponto Verde disse...

Gostei de conhecer o seu trabalho. Parabéns!

Anónimo disse...

Caro Manuel Rocha, comento "samplando" um título seu: àquilo chamava-se pensar como um calhau!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Manuel

Quanto à notícia, nada a acrescentar: o bom senso assim o aconselha! Agora fico preocupado com o modelo de sociedade que propõe: racionalização (boa) da economia, do ambiente e do estilo de vida (contenção do consumo irracional) ou regressão a modelo anterior?

Manuel Rocha disse...

Francisco,

No meu modesto entendimento a "regressão" de que fala será inevitável se não "racionalizarmos" quando temos tempo e meios para isso. Acontecimentos como este dos agrocombustiveis são olimpicas perdas de tempo sociais( e monumentais "mais valias" particulares ). No mais tenho é de citá-lo a si quando diz que importa é "sonhar para a frente" bem estribados nos ensinamentos da História.


Quint,

Há dias em que isto parece "terra de calhaus"! Rolados, sim, mas calhaus !:)


Ponto Verde,

Obrigado.


Osvaldo,

Aceito a sugestão com todo o gosto desde que me conceda que há na estrutura intermédia dos processos de decisão muita ( imensa ) gente que tem obrigação de ter conhecimentos sólidos sobre estes assuntos e têm sobre eles mantido um inexplicável ( ??? ) silêncio!

( Depois temos de conversar melhor sobre aquela dúvida da biomassa...:))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O pior é que os membros da classe dirigente continuam a tratar do seu umbigo e a malta quer é pastar. Pelo menos, lutamos com as armas que temos. Sim, se nada for feito, é a catástrofe! Mas eles são cegos e surdos!

Manuel Rocha disse...

E quem pasta não gosta de ser incomodado quando está em ruminação...:))

Isabel Victor disse...

Venho retribuir a visita ...


Prazer em conhecer ! :))


iv

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Meu caro Manuel Rocha, vim fazer-lhe uma visita.
Confesso-me ignorante nestas matérias do ambiente. Penso, aliás, que o discurso ambiental, cientificamente fechado, visa menos o esclarecimento das pessoas do que o surgimento dos prosélitos (os quais serão, obviamente, de índole fanática, como é próprio de quem ao mesmo tempo acredita e desconhece).
Julgo, porém, que sendo a ciência fundamental para enfrentar este problema, a questão ambiental não é essencialmente científica, mas moral. Se aqui chegámos, de facto, foi em virtude do nosso modo de vida - dos nossos comportamentos. É irreal, portanto, pensarmos em soluções que não impliquem mudar profundamente esses comportamentos.
Ora, querer pôr as pessoas em casa a reciclar o lixo enquanto as grandes empresas pensam nas grandes questões ambientais, propondo formas científica e economicamente testadas de equilibradamente mantermos o nosso modo de vida, querer isto - dizia - faz parte da ilusão que nos tem sido vendida.
A questão está invertida. É a nossa proposta de uma mudança de vida que deve obrigar as empresas a encontrarem formas economicamente equilibradas de acompanhar essa mudança, para o que, claro está, deverão pedir ajuda à ciência.
A questão, repito, é moral. Obriga à associação e ao compromisso entre as pessoas - associação e compromisso que não se fazem, em primeira instância, ao nível global, mas local. Implica acções reais, isto é, com existência própria, e não virtual (a internet, nesse sentido, favorece também a ilusão da nossa intervenção). Etc.
Temos que estar dispostos para questionar, no fundo (tarefa em se empenharam tanto Jesus Cristo quanto Marx), se foi o homem quem foi feito para o sábado, ou se foi o sábado que foi feito para o homem!

Um abraço

Anónimo disse...

Diz bem o comentador Gonçalo Moita.
É correcta presunção de que Internet possa ser usada como paliativo consciência. Porém, perante pressão desinformativa média primeira geração, Internet tem sido único espaço onde tem surgido heterodoxia que defende. Dela, Bolinas tem sido excelente exemplo, contribuindo com informação pertinente e focando necessidade alteração paradigma individual/ social. Sobre tema hora em questão, confesso que post " A Galp e o Biodiesel" marcou importante viragem pessoal perspectivação biocombustíveis.

Cumprimentos.

Trigo Pereira

antonio ganhão disse...

Meu caro atacar a mundividência do aquecimento global é como defender a guerra do Iraque ou Bush.

E ninguém gosta de fazer ruim figura, pelo menos isto aplica-se aos urbanos.

Estamos atentos à agenda dos media?

Anónimo disse...

[url=http://www.acheter-viagra.freehostp.com][img]http://www.viagra-achetez.enjoymeds.biz/achat-cialis.jpg[/img][/url][url=http://www.acheter-viagra.freehostp.com][img]http://www.viagra-achetez.enjoymeds.biz/achat-viagra.jpg[/img][/url][url=http://www.acheter-viagra.freehostp.com][img]http://www.viagra-achetez.enjoymeds.biz/achat-levitra.jpg[/img][/url]
[b]ACHAT CIALIS ENLIGNE[/b]
[url=http://www.mmagame.com/forum/viewtopic.php?t=365]ACHAT CIALIS ONLINE[/url] - cialis suisse
[b]achat tadalafil[/b]
http://crhsesaprn.hqforums.com/vp23.html
[b]achat cialis enligne[/b]
[url=http://hefeiexpat.com/forum/index.php?topic=383.0]Achat Tadalafil[/url] - acheter tadalafil
[b]Acheter Tadalafil 20mg[/b]
http://www.700musers.com/phpBB2/viewtopic.php?t=588
[b]ACHAT CIALIS GENERIQUE EN LIGNE[/b]
[url=http://www.lookupamerica.com/board/index.php?showtopic=1666]cialis[/url] - ONLINE Achat Tadalafil 20mg
[b]Acheter Tadalafil[/b]
[b]cialis[/b]
[url=http://www.proton-tm.com/board/viewtopic.php?p=1679]acheter du cialis[/url] - ACHAT CIALIS EN PARIS
[b]kamagra apcalis[/b]
[b]ACHAT CIALIS ONLINE[/b]
[url=http://hellskitchenonline.com/phpBB3/viewtopic.php?f=3&p=28968]ACHAT CIALIS BON MARCHE[/url] - commander du cialis
[b]ONLINE PHARMACIE[/b]

Anónimo disse...

Hello, as you can see this is my first post here.
Hope to receive any assistance from you if I will have any quesitons.
Thanks in advance and good luck! :)